As criticas de um sócio atento

Bruno de Carvalho tem a fama de conviver mal com as críticas, mas a verdade é que quando ele foi eleito em Março de 2013 chegou a afirmar que o sócio Bruno seria o maior crítico do Presidente Carvalho.

Nessa altura eu tinha essencialmente duas reservas em relação a Bruno de Carvalho: A inexperiência da equipa que ele apresentou para liderar o Futebol e a falta de sustentabilidade financeira para o seu projeto.


Quatro anos depois posso dizer que se confirmaram alguns dos meus receios, mas apresar disso a fé que me levou a votar em Bruno de Carvalho saiu reforçada, mesmo que não goste do seu estilo cheio de metáforas e excessivamente interventivo, às vezes até grosseiro, de tal forma que o próprio já disse que nem sempre gostava de se ouvir. No entanto isto é apenas uma questão de estilo, o que está longe de ser o mais importante no desempenho de um líder.


Voltando às minhas reservas iniciais, direi que em relação à área financeira ele superou todas as expectativas, embora esteja por esclarecer aquela questão do investidor fantasma. Eu sempre estive convencido que não havia investidor nenhum, e que tudo não passava de demagogia eleitoral, tal como agora não acredito que Madeira Rodrigues tenha algum investidor, mas isso faz parte do jogo politico, de que eu não gosto mas que até compreendo. O que já me parece estranho é a insistência nessa conversa do investidor, que das duas uma, ou não existe e a mentira já não é desculpável enquanto fruto de uma campanha eleitoral, ou então cheira a esturro e vai contra tudo o que Bruno de Carvalho sempre defendeu em matéria de transparência.


Em relação ao Futebol, a inexperiência de Bruno de Carvalho era evidente, da mesma maneira que Inácio e Virgílio não tinham passado como dirigentes. Há no entanto um mérito que não lhes podemos negar: apostaram sempre em bons treinadores, o que de certa forma minimizou o desastre que no geral foi a política de contratações.


No primeiro ano não era possível exigir muito dado o desinvestimento, pelo que o balanço até foi muito positivo, mas depois Bruno de Carvalho foi com muita sede ao pote, e a posição de força tomada perante Marco Silva foi na minha opinião o ponto mais negro deste seu primeiro mandato, tanto mais que ainda agora em tribunal José Eduardo afirmou que se tinha limitado a ler a cartilha que lhe encomendaram. Vá lá que o Presidente recuou a tempo de não estragar completamente uma temporada que poderia ter sido bem melhor, se a equipa tivesse sido reforçada de acordo com a pretensões do treinador. Bastava ter havido um pouco mais de tolerância e cabeça fria.


Do 8 ao 80, a Jorge Jesus foram dados todos os poderes e mais alguns e até a cabeça de Inácio rolou. Na época passada quase que resultou, mas nesta a coisa correu mal e já houve um recuo. Esperemos que agora se encontre o meio-termo de forma pacífica.


Basicamente se me fosse permitido eu recomendaria ao Presidente apenas três correções em relação ao seu desempenho: 


  1. Não vá a todas com tanta sede, poupe-se mais ao desgaste desnecessário, sem atraiçoar o seu próprio estilo, do qual posso não gostar, mas é o dele e tenho de o respeitar.
  1. Tente encontrar uma saída airosa para a questão do investidor fantasma, um assunto o qual me parece que vai ter de evitar ao máximo, pois agora não será fácil sair ileso dele. Esclareça se puder esclarecer, caso contrário vai ficar mal na fotografia.
  1. Com um treinador como Jesus não será possível ter um Diretor Técnico com os poderes que eu sempre defendi, por isso resta tentar algum equilibro. Não se pode dar ao treinador carta-branca para tudo e temos mesmo de levar à letra aquela frase de dar um passo atrás para depois dar dois em frente. Resta saber se todos o entendem e sabem conviver com essa realidade.

De resto pode ter havido uma ou outra coisa que não correu bem, como a reestruturação do site que continua muito fraco, ou os equipamentos, particularmente com aquela aberração dos calções verdes, mas com tanta coisa para fazer e poucos meios disponíveis não se pode pedir tudo e mais alguma coisa em quatro anos que foram também de aprendizagem.

Para um segundo mandato espero que se tirem as devidas ilações dos erros e se continuem a dar passos seguros em frente, numa caminhada que não é fácil e para a qual o Presidente precisa do apoio de todos os sportinguistas, um apoio que não pode ser cego nem seguidista, mas que deve ser cada vez mais forte e ativo, tanto cá fora como lá dentro, onde às vezes parece que falta uma voz que lhe sirva de travão.

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