Derrotados mas inteiros

Jogar contra o Barcelona não é fácil para ninguém, pois trata-de duma equipa que de há muitos anos a esta parte implementou um modelo de jogo, que servido de interpretes de primeira classe, lhe permite percentagens muito altas de posse de bola e sem bola ninguém consegue marcar golos, sendo que são estes que resolvem os jogos. Para além disso, ainda há esse factor desequilibrador chamado Lionel Messi, um dos maiores talentos da história do futebol mundial.

Perante isto Jorge Jesus mostrou toda a sua sagacidade táctica, trocando as posições de William Carvalho e Rodrigo Battaglia, pois ao português falta alguma velocidade para acompanhar o mago do Barcelona, isto já para não falar na agressividade que sobra ao médio argentino do Sporting, que desempenhou com sucesso as funções que lhe foram atribuídas, de tal forma que pouco se viu de Messi em Alvalade, muito também graças à excelente exibição de Jérémy Mathieu, sempre em cima das movimentações do seu antigo colega, quando este avançava para zonas mais próximas da baliza.

Na frente Jorge Jesus voltou a apostar na velocidade de Seydou Doumbia, mas aqui não houve tempo para verificar com exactidão os resultados desta opção, pois o marfinense lesionou-se ainda na 1ª parte, período onde nunca teve espaço nem oportunidade para mostrar serviço.

Independentemente disso a verdade é que a estratégia de Jorge Jesus resultou na 1ª parte, de tal forma que só por uma vez o Barcelona conseguiu furar a barreira leonina, mas aí prevaleceu a classe de Rui Patrício. Por outro lado em termos de ataque o Sporting foi praticamente inofensivo, um mal menor, desde que a equipa fosse capaz de manter a sua baliza fechada.

Chegados ao intervalo com 0-0, não havia motivos para mexer num jogo que estava a ser aquilo que Jorge Jesus queria e esperava, mas a sorte também faz parte, ou neste caso o azar de Sebastián Coates, que para além de ter sido o jogador menos seguro da equipa, ainda viu a bola bater-lhe inadvertidamente para seguir o caminho da baliza, num lance completamente fortuito que acabou por ser decisivo.

O Sporting sentiu um pouco este golo a frio, mas o Barcelona fez aquilo que muitas vezes sai caro às equipas mais fortes e deixou correr o marfim, permitindo que os Leões começassem a acreditar, até que por volta dos 70m o empate esteve mesmo à vista, quando Bruno Fernandes obrigou Ter Stegen a uma boa defesa, no tal lance onde Bas Dost preferiu o passe ao remate de primeira.

Houve então um período onde o Sporting esteve por cima, embora a grande oportunidade acabasse por ser do Barcelona, quando Sebastián Coates voltou a meter água, obrigando Rui Patrício a brilhar outra vez, e já não deu para mais.

No fim Jorge Jesus disse que o Sporting tinha acabado de desperdiçar uma excelente oportunidade de ganhar ao Barcelona. Eu não iria tão longe, mas a verdade é que pelo menos o empate teria sido possível, mas tal como na época passada frente ao Real Madrid e ao Dortmund, o Sporting deu luta mas acabou por perder pela margem mínima. Falta dar mais um passinho para começar a pontuar nestes jogos.

Também há que dizer que o Barcelona jogou no seu passo de favorito e nunca precisou de forçar muito, o que é sempre um risco, mas é assim mesmo. Depois há também aquele escudo protector das arbitragens, que neste caso condicionou claramente os jogadores leoninos com uma chuva inusitada de cartões amarelos, em contraponto com uma grande tolerância a nível disciplinar, para com os jogadores da equipa catalã. Enfim, o costume.

Para já o Sporting saiu inteiro deste primeiro confronto com o gigante catalão, agora resta saber do que é que esta equipa será capaz perante a Juventus. Mas antes temos o primeiro clássico da época, que é um daqueles jogos que se não terminar empatado, vai deixar marcas importantes nas duas equipas em confronto.

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