Podence não sabe brincar

E pronto, o Sporting foi a Oleiros jogar num campo pequeno, com relvado sintético, bancadas amovíveis e outros acabamentos de última hora e lá se fez a festa da taça à moda antiga, para gáudio da população daquela pequena vila do interior do território nacional.

E por falar nisso, devo dizer que compreendo que o Campo da Estrela em Évora não tenha as condições mínimas para receber o FC Porto, pois o Lusitano já há mais de 50 anos que anda pelas divisões secundárias do futebol português, mas sempre gostava que me explicassem porque é que o Benfica não joga no Estádio José Arcanjo, pois foi ali que o Olhanense recebeu o FC Porto em jogo a contar para a 29ª jornada da 1ª liga portuguesa, realizado no dia 4 de Maio de 2014, ou seja há pouco mais de 3 anos. É caso para dizer que razão tem o atual treinador do Olhanense, quando diz que aquele relvado só não serve para o Benfica. Ou será que há outros antónios figueiredos em Olhão?

Voltando ao jogo de ontem, há que dizer que perante uma equipa do terceiro escalão do futebol português e em vésperas de uma deslocação a Turim para defrontar a Juventus, Jorge Jesus resolveu poupar aqueles que deverão ser os 11 titulares nesse jogo, aos quais há a somar 3 lesionados, pelo que restavam apenas 11 jogadores do plantel principal para formar a equipa, o que até obrigou a adaptação de Radosav Petrovic à posição de defesa central.

Não se pense que com isto o treinador do Sporting encarou este jogo como uma brincadeira, pois basta ver a forma como a equipa entrou de maneira decidida em campo, claramente determinada em resolver a eliminatória rapidamente, para se perceber que Jorge Jesus  deve ter obrigado os seus jogadores a verem o recente jogo de Portugal em Andorra, até porque ele não tinha nenhum Cristiano Ronaldo no banco, onde estavam 7 jogadores da Equipa B.

23 minutos foi o tempo que o Oleiros resistiu e com pouco mais de uma hora de jogo o Sporting já ganhava por 3-0 e tinha a eliminatória resolvida, muito graças a um Daniel Podence que não sabe jogar a brincar, bem acompanhado por João Palhinha, que para além dos 2 golos que marcou, aproveitou a oportunidade para mostrar ao treinador que pode contar com ele.

Quem também levou este jogo muito a sério foi Gelson Dala, que bem se esforçou para dar nas vistas, mas pareceu-me atraiçoado por alguma ansiedade. De qualquer forma não percebi muito bem a sua substituição, pois acho que ele merecia mais minutos.

Quanto aos restantes, cumpriram quase todos, embora Radosav Petrovic tenha tido algumas dificuldades a jogar como central, ainda por cima ao lado de um André Pinto muito displicente. Não deve ser fácil ficar de fora, mas quem está nessa situação tem de aproveitar todas as oportunidades para mostrar serviço e o central vindo de Braga foi a antítese de Daniel Podence na forma como encarou este jogo . Assim não vai lá.

Outro que não esteve muito bem foi o guarda redes Romain Salin, mas aqui acho que é mais uma questão de falta de qualidade, do que outra coisa, isto num jogador que ultimamente tem jogado muito pouco, o que na posição que ele ocupa é sempre muito complicado.

Com a eliminatória resolvida e meia hora para jogar, Jorge Jesus teve espaço para promover a estreia de três jovens da Equipa B, começando por lançar o Júnior Rafael Leão que é um poço de talento, embora seja um jogador daqueles que precisa de correr mais e de desafios mais exigentes, dada a sua muita qualidade aliada a alguma preguiça. Estreou-se com um golo, tal com já havia acontecido no ano passado na Equipa B. É um pé quente, mas precisa de trabalhar e de levar na cabeça para perceber que não basta ter talento para triunfar.

Depois entrou Jovane Cabral, um miúdo sem escola que chegou a Alcochete em 2015, vindo de Cabo Verde quando já tinha 16 anos. Um diamante em bruto cuja progressão ainda é uma incógnita. Precisa de tempo. Para já está bem na Equipa B, mas para o ano talvez seja a altura de rodar num clube da 1ª Liga.

Finalmente Merih Demiral um central turco descoberto no Alcanenense, imagine-se. Desenganem-se aqueles que lhe apontaram o dedo pela desatenção no segundo golo do Oleiros. Este rapaz tem tudo para dar certo, é forte, bravo e não brinca em serviço e, se jogou apesar de ter chegado da seleção em cima da hora, é porque Jorge Jesus vê nele o mesmo que eu vejo. Um central de muito futuro.

Agora é aguardar que o próximo sorteio nos presenteie com mais uma pêra doce, que nos permita ver mais destes miúdos, numa caminhada que se espera termine no Jamor.

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