O ano zero do VAR

Bruno de Carvalho foi um dos primeiros a defender a utilização das imagens video no apoio às arbitragens e nessa altura chegou a ser gozado pelos comentadores e cartilheiros de serviço, que garantiam que o IFAB nunca autorizaria tal coisa, sendo que a maior parte deles hoje se arvoram em defensores do VAR, mesmo que sempre que alguma coisa corre mal, não percam uma oportunidade para acenar com o regresso ao passado, que tanto desejam ver decretado.

No entanto parece-me que esta caminhada é irreversível e para já a FPF anunciou a viabilização financeira de mais um ano de VAR em Portugal, enquanto outras Federações nacionais, como a espanhola, já se preparam para adoptar este instrumento fundamental para a credibilização do futebol, sendo que ainda há a possibilidade da novidade entrar em acção já no Mundial do próximo ano.

Para já o ano zero do VAR tem servido para que se possam detectar as fragilidades desta nova ferramenta e agora o que importa é que haja a capacidade de perceber o que se pode melhorar e coragem para fazê-lo, de forma a afinar uma máquina fundamental para o futuro do Futebol.

Já se sabia que este seria um ano experimental, mas pelo que se viu até aqui já se podem tirar várias conclusões:


  1. Seja por corporativismo, seja por medo ou respeito, os árbitros estão a levar ao extremo a máxima do protocolo "mínima interferência" esquecendo o "máximo benefício". Tem de haver uma maior intervenção do VAR na chamada de atenção aos árbitros de campo para que estes pelo menos avaliem os lances que possam ser passíveis de penaltis ou expulsões.
  2. As imagens de transmissões feitas por canais de clubes não podem ser utilizadas pelo VAR..
  3. Os fiscais de linha devem ser fortemente penalizados quando assinalarem mal um fora de jogo e pelo contrário deve haver tolerância se deixarem passar de forma errada os chamados casos de dúvida.
  4. Devem ser severas as penalizações para os erros grosseiros, como foram os casos da entrada violenta do Eliseu (VAR), ou do penalti sobre o Gelson (árbitro).
  5. Devem ser definidos e públicos critérios claros para garantir a uniformização dos mesmos em relação aos lances que podem ser avaliados pelo VAR, nomeadamente o que é ou não passível de marcação de penalti, ou de expulsão.
  6. Semanalmente o CA deve explicar as decisões tomadas, com base nos critérios atrás referidos, divulgando se necessário as comunicações efectuadas e publicando as penalizações aos árbitros que erraram.
  7. As classificações dos árbitros devem ter por base uma avaliação dos jogos filmados, acabando-se com essa "coisa" dos observadores.


O que o VAR nunca vai conseguir corrigir é a falta de qualidade, e em alguns casos de seriedade, dos árbitros, mas se a APAF e o CA em vez de se queixarem das criticas, aproveitarem esta ferramenta para fomentar uma selecção dos melhores, de acordo com os seus desempenhos no campo, deixando claro que se acabaram os padres e as missas encomendadas pelos meninos queridos do 1º ministro, então a depuração será feita e em breve teremos melhores árbitros e menos polémicas.

Finalmente devo dizer que encaro com algumas reservas a ideia de ir buscar antigos árbitros para o VAR. Em teoria isso até faz todo o sentido, mas o passado triste da maior parte dessas figuras e as prestações de muitos deles como comentadores de arbitragem, pura e simplesmente arrepiam-me.








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