Que cheirete a subserviência

Em dia de clássico, o Sporting tinha de ganhar ao Belenenses para assistir de "cadeirinha" ao confronto entre FC Porto e o Benfica, e ganhou, revelando a solidez e o estofo que tinha mostrado em Paços de Ferreira, quando era preciso aproveitar a escorregadela do Porto nas Aves, mas mais uma vez a exibição não foi brilhante, apenas pragmática, como agora está na moda dizer-se, o que foi suficiente para anular os 4 pontos de atraso em relação ao líder da tabela classificativa.

Perante um Belenenses que como se previa montou um acampamento à frente da sua baliza, Jorge Jesus optou por uma formação mais ofensiva, com Daniel Podence no apoio ao ponta de lança, deixando o meio campo à conta de William Carvalho e aumentando a área de acção de Bruno Fernandes.

Assim, o Sporting entrou forte e bastaram 12 minutos para que o golo aparecesse através de um penalti indiscutível, o que não foi suficiente para que o Belenenses desmontasse o acampamento, mas quando se pedia que o Sporting arrumasse a questão, em vez disso a equipa começou a tirar o pé, quiçá já a pensar no Barcelona e para lá de uma excelente oportunidade de Marcos Acuña, o jogo transformou-se numa pasmaceira.

Depois do intervalo o Belenenses resolveu finalmente jogar, já o Sporting nem por isso. A equipa deixou de ter bola e o jogo passou a desenrolar-se no seu meio campo. Ouviram-se então alguns assobios e eu no meu sofá só não assobiei porque não sei.

O Belenenses aceitou o convite para avançar, acreditou, atacou, rematou, chateou, mas incomodar à séria, não incomodou, pois oportunidades de golo nem vê-las e Rui Patrício não fez uma única defesa complicada.

Depois Jorge Jesus fez a substituição que se exigia e o Sporting passou a controlar o jogo, apesar de continuar com um olho em Barcelona. Faltou então aproveitar as inúmeras ofertas que a defesa e o guarda redes do Belenenses foram fazendo, à medida que a equipa se ia afundando nas suas incapacidades, principalmente depois da saída do seu jogador mais perigoso, estranhamente substituído.

De resto, se o Sporting só ganhou por 1-0 ao Belenenses, Jorge Jesus teve uma vitória muito mais robusta no jogo das substituições e para golear só lhe faltou aquele golo de Bryan Ruiz, daí talvez as inexplicáveis declarações do choramingas paciência, que quase um mês depois finalmente lembrou-se da forma com tinha sido prejudicado pela arbitragem no jogo do Dragão, isto no final de um jogo sem casos. Ah valente, continua assim que acabas outra vez despedido!

Depois deste verdadeiro cheirete a subserviência, o Porto e o Benfica empataram no Dragão, com a ajuda dos árbitros de serviço, o que deve ter deixado o bom Domingos quase tão irritado quanto o Conceição, que lhe ocupa a cadeira de sonho. Agora resta esperar pela pirueta da cartilha em relação ao que foi dito depois daquele golo anulado ao Braga em Alvalade, enquanto a incompetência dos árbitros e dos fiscais de linha continua a chutar para canto as valências do VAR.

Agora pede-se uma despedida condigna na Liga dos Campeões e depois duas vitórias nas jornadas de Dezembro do Campeonato, para se manter a liderança, mesmo que continue a ser partilhada com o FC Porto que já estará à espera do "derby" do dia 3 de Janeiro, mas até lá há que manter esta onda positiva e gerir um certo desgaste de alguns jogadores.

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