Ninguém perdeu

Todos os "derbys" tem a sua história e o seu contexto e este era mais decisivo para o Benfica que não podia perder e sonhava ganhar, do que para o Sporting que acima de tudo não queria perder. Assim as duas equipas entraram com muito respeito uma pela outra, pelo que tivemos uma fase inicial algo morna e com uma arbitragem a ajudar, apitando a tudo o que mexia.

Só um golo podia agitar as águas e aí o Sporting foi mais feliz, com Gelson Martins a marcar na primeira grande oportunidade do jogo, que logo melhorou e daí até ao intervalo, Cristiano Piccini salvou uma bola em cima da linha de baliza, Bruno Varela fez um grande defesa a um remate de Marcos Acuña, o Benfica atirou uma bola à barra e Gelson Martins isolado rematou por cima, pelo que a 1ª parte terminou com 0-1, mas qualquer uma das equipas poderia ter alterado o marcador.

Esperava-se uma reacção do Benfica na 2ª parte e que o Sporting tentasse aproveitar os espaços que iriam surgir, mas se Rui Vitória fez tudo o que podia para mudar o rumo do marcador, Jorge Jesus limitou-se a apostar na segurança defensiva da sua equipa. Quase que deu, mas tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia parte-se e partiu-se mesmo à beirinha do fim, quando Rodrigo Battaglia fez um penalti tão estúpido quanto desnecessário.

E por falar em penaltis, os benfiquistas fartaram-se de pedi-los, mas a verdade é que Hugo Miguel e Tiago Martins estiveram muito bem na análise aos lances em causa, o mesmo se podendo dizer em relação ao golo do Sporting, pois o pretenso fora de jogo de Marcos Acuña só seria possível de descortinar com a tecnologia das linhas que não está disponível para o VAR e quanto às linhas da btv elas valem o mesmo que a credibilidade de um clube que caiu nas mãos de gente que já mostrou ser capaz de tudo, ou seja, ZERO. O que faltou foi o Fábio do "aguenta, aguenta".

Voltando ao jogo, temos de dizer que a 2ª parte do Sporting foi uma miséria. A equipa nunca conseguiu ter bola, nem sair com perigo no contra ataque e estranhamente Jorge Jesus foi retardando as substituições e quando as fez optou por uma estratégia conservadora, em vez de apostar em jogadores com velocidade e capacidade de mostrarem os dentes a uma equipa totalmente balanceada para o ataque. A entrada de Seydou Doumbia para o lugar de Bas Dost parecia-me a solução óbvia para pôr em sentido a defesa do Benfica e se o Gelson Martins estava rebentado, ninguém melhor para o substituir do que um agitador como Daniel Podence.

Não entendeu assim o treinador do leonino que deixou que o Benfica empurrasse o Sporting lá para trás, de tal forma que só com alguma sorte é que o golo não apareceu mais cedo e no fim temos de reconhecer que o Sporting não merecia mais do que este empate, que não é bom, nem mau e, nem sequer se pode garantir que seja pior para o Benfica do que para o Sporting. Só no fim é que se podem fazer essas contas.

A verdade é que este jogo não foi aquilo que os dois clubes queriam que fosse, mas como ninguém perdeu, uns sobreviveram nos últimos instantes e suspiraram de alívio acenando com uma exibição positiva, os outros atrasaram-se em relação ao líder mas mantiveram a vantagem sobre os seus velhos rivais, no entanto fica a clara sensação de que era possível fazer muito melhor.

Agora é prego a fundo, a ver quem é que derrapa primeiro, porque é preciso entrar bem colocado na recta final. Pelo meio há taças para ganhar e presentes para dar e receber.

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