Tempos de compensação

Já tinha planeado voltar a escrever sobre isto, mas depois do que se viu nos últimos dias a questão dos tempos de compensação passou a estar na ordem do dia.

No lance do penalti na Final da Taça da Liga entre o momento em que a bola saiu pela linha do fundo (74:37) e a altura em que Rui Costa apontou a muito custo para a marca de penalti, passaram exactamente 3 minutos, sendo que o árbitro só apitou para o recomeço de jogo ao 79:07, altura em que Bas Dost pôde finalmente empatar o jogo. Ou seja, perderam-se 4 minutos e meio, no entanto como o apitador de serviço estava cheio de pressa para ir para casa só deu 5 minutos de tempo de compensação, num jogo que teve 3 substituições durante os 45 minutos da 2ª parte, o que de acordo com o que está determinado dava mais um minuto e meio, sem esquecer outras interrupções para queimar tempo e assistências a lesionados. Portanto justificavam-se no mínimo 8 minutos.

Para além disso o Vitória fez uma substituição no tempo de compensação, na qual se gastaram 50 segundos, mas o apressado Rui Costa deu o jogo por encerrado aos 95:16.

Já ontem no Restelo num jogo que não vi, foram dados os mesmos 5 minutos de compensação, que não faço ideia se terão sido suficientes para compensar as interrupções que tenham ocorrido, mas até admito que não. No entanto o que é certo é que aos 92.55 o jogo foi interrompido para que o VAR analisasse um lance na área do Benfica, sendo retomado aos 93:27, ou seja 32 segundos depois. Tinha o jogo 95:40 quando o árbitro marcou a falta que salvou o Benfica. Portanto, ao contrário de Rui Costa, Bruno Paixão não estava com pressa de ir para casa.

Tudo isto leva-nos à óbvia conclusão que esta coisa dos tempos de compensação não pode continuar a depender da disposição dos árbitros. Ainda recentemente num artigo que li no magnifico blogue "O Artista do Dia" diz-se que de acordo com um estudo feito pelo International Board o tempo gasto na revisão de lances pelo VAR constituirá apenas 1% do tempo de jogo, enquanto na marcação de livres se perdem 9,5%, nos lançamentos laterais 8%, nos pontapés de baliza 6%, nos cantos 4,5% e nas substituições 3,5%, números que me parecem inflacionados, mas que a serem reais representam quase um terço do jogo perdido. É muito.

O que me parece é que está mais do que na altura de se pensar em introduzir o tempo útil no futebol, uma questão que deve ser bem estudada e que pode passar por várias soluções como a paragem do cronómetro pelo menos nas substituições, entradas em campo das equipas médicas, golos, interrupções do jogo para analises da parte do VAR e livres com formação de barreira, sem esquecer a ideia de Van Bastem de usar o tempo útil em todas as situações em que o jogo pare nos últimos 10 minutos. Também não me escandalizaria se o tempo regulamentar fosse reduzido por exemplo para os 80 minutos, mas para isso será necessário estudar muito bem o assunto.

Uma coisa me parece inevitável, depois de consolidada a introdução do VAR no futebol, a questão da cronometragem dos jogos terá de ser pensada.

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