À antiga portuguesa

Há uns tempos atrás Jorge Jesus afirmou que o Sporting estava a jogar à italiana, mas o que eu vi ontem foi uma equipa à antiga portuguesa, e os mais velhos seguramente recordar-se-ão dos tempos em que se dizia que faltavam 20 ou 30 metros ao futebol português e em que os nossos clubes eram invariavelmente eliminados por estas equipas constituídas por troncos que não jogam nada mas que marcam golos, ao contrário dos portugueses que acabavam quase sempre as eliminatórias a queixarem-se das oportunidades perdidas, da sorte e da arbitragem.

Pois ontem revivi esses velhos tempos, numa eliminatória que teve de tudo para ser fácil e em que cheguei a imaginar que o Sporting ainda ia acabar eliminado nos penaltis por uma equipa ridícula como é este Viktoria Plzen, a fazer lembrar os Casinos da nossa história europeia.

Depois de uma 1ª mão em que o Sporting poderia ter construído um resultado mais confortável e onde no fim quase levava um golo que teria complicado muito as coisas, agora na República Checa a equipa sofreu um golo em fora de jogo, logo na primeira bola mandada para o barulho. Pior parecia impossível.

Mas nem assim os checos se entusiasmaram, pois nunca se atiraram para cima da baliza de Rui Patrício, mostrando sempre muito medo de um golo do seu adversário, que mataria a eliminatória, pelo que acabaram por ser do Sporting as melhores oportunidades, com Bryan Ruiz e Marcos Acuña a falharem de forma incrível golos fáceis.

Tudo parecia dar razão à estratégia cautelosa do treinador checo e depois de ameaçar, o Plzen fez o 2-0 e empatou a eliminatória, pelo que Jorge Jesus teve finalmente que desfazer aquela sua nova mania de colocar o Rodrigo Battaglia no lado direito da defesa, num jogo em que tinha dois laterais direitos no banco, e onde era claro que a capacidade de luta do argentino ia dar muito jeito no meio campo. Em vez disso o técnico leonino preferiu inventar e pior do que isso ficou com um jogador morto como é Bryan Ruiz, a fazer companhia a outro sem ritmo nem qualidade para jogar no Sporting, como é o caso de Radosav Petrovic.

Com tudo isto os dois golos de vantagem foram pelo esgoto abaixo e passou-se a jogar no fio da navalha, mas quando os deuses da bola parecia proteger o Sporting com aquele penalti um pouco forçado, eis que Bas Dost resolve marcá-lo de uma forma inexplicável direitinho para as mãos de Hruska, para logo a seguir Bruno Fernandes fazer ainda pior na recarga. O quadro estava cada vez mais negro e lá fomos para o prolongamento, numa altura em que a equipa estava fisicamente de rastos, sendo que o caso de Gelson Martins foi gritante.

Parecia a ser um daqueles dias em que tudo corria mal, mas Rodrigo Battaglia salvou a face do treinador e da sua equipa, que mesmo assim ainda se pôs a jeito para levar mais um golo e complicar tudo outra vez. No final salvou-se a passagem aos quartos de final, porque o resto foi uma miséria.


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