Nós acreditamos em vocês

No final do jogo com o Moreirense Jorge Jesus criticou a atitude do público de Alvalade que assobiou a equipa, o mesmo público que ele já elogiou muitas vezes e com o qual fez questão de dividir algumas vitórias.

Teoricamente o treinador tem toda a razão. O público não é só para apoiar quando a equipa está a ganhar, deve ser também para empurrá-la para as vitórias quando a coisa não está fácil, mas para isso é preciso acreditar.

Na época de 2015/16 o cântico que dá o título a este artigo ecoou pelos estádios portugueses onde o Sporting encantava com um futebol atractivo e convincente. Eu, mesmo sozinho lá em casa no meu sofá, cheguei a entoá-lo quando por exemplo a jogar com menos um, a equipa deu a volta ao resultado naquele jogo com o Tondela que depois acabámos por empatar de forma incrível, mas a verdade é que nessa altura nós acreditávamos mesmo neles, coisa que agora está mais difícil, porque a equipa também não está a puxar pelo público e a levá-lo a acreditar. Joga-se pouco e as vitórias são quase sempre arrancadas a ferros.

Diga-se que há dois anos atrás Jorge Jesus também manifestou o seu desagrado com alguns assobios dirigidos ao "patinho feio" da altura, mas isso de jogadores que tiram as bancadas do sério sempre os houve no Sporting, com o exemplo máximo a ter o nome de nome de Vasques, também conhecido por "Malhoa" devido à beleza das jogadas que fazia e dos golos que marcava, e estamos a falar do 3º melhor marcador da história do Clube, com 226 golos na sua conta ao serviço do Sporting, mas que depois às vezes parecia alhear-se do jogo, como se não estivesse para se chatear com aquilo, o que irritava o sempre exigente público do Lumiar.

Voltando aos dias de hoje, as bancadas de Alvalade começaram a perder a paciência com jogadores como Rúben RibeiroSeydou Doumbia ou Bryan Ruiz e agora até o menino Rafael Leão foi premiado com alguns assobios. E por falar em Rafael Leão, vão-se habituando porque se ele se conseguir impor vai dar cabo da cabeça não só aos defesas adversários, mas também aos adeptos sportinguistas.

Jorge Jesus elegeu-o como a sua nova criação e até o comparou a Jordão, o que pode fazer sentido pelo estilo gingão como conduz  a bola, mas a mim que já o vi jogar muitas vezes nos escalões jovens, quem ele às vezes me faz lembrar é o Pedro Barbosa, outro que se fartou de ouvir assobios dos adeptos leoninos, devido à forma aparentemente lenta e desinteressada do jogo como se passeava no campo, mas que depois fazia a diferença com um golpe de magia e lá vinham as bancadas abaixo. É também isso que podem esperar de Rafael Leão, embora a jogar em terrenos mais próximos da baliza, onde ele está habituado a passear-se enquanto os outros correm atrás da bola.

Mas já é em Rafael Leão que se fala, agora vamos ao Dragão sem Gelson Martins, para aquele que para o Sporting é um jogo decisivo, porque uma derrota será o adeus definitivo ao título e até o empate nos deixa numa situação muito difícil, sendo que a vitória apenas nos mantém na luta, isto para além da enorme injecção de ânimo que significaria, mas depois ainda há mais 9 jogos para ganhar, alguns deles nada fáceis, isto sem esquecer que pelo meio temos a Liga Europa e a Taça de Portugal.

A questão nesta altura é: será que este Sporting tem pedalada para ganhar a um Porto muito forte e confiante como este do Conceição? Eu atrevo-me a afirmar que aquilo que o xéxé da cunha disse é o que quase toda a gente pensa, mas esta é a altura de acreditar, nem que seja naquela velha máxima de que no futebol são onze contra onze e que a bola é redonda e quem sabe se a fortuna nos premeia com um ressalto de bola qualquer que isole um nosso avançado e este não perdoe, enquanto os deles falhem golos mesmo que de baliza aberta e já agora que vírus desapareça e que se Jorge Jesus inventar, invente uma maneira de ganhar.

Até lá só nos resta dizer que acreditamos em vocês.

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